Muitas vezes quase choro
Sofro, mas até imploro
Não tenham pena de mim
Porque na fé que professo
O sofrer me traz progresso
É tão bom pensar assim
Se tantos males eu fiz
Devo me julgar feliz
Em pagar o quanto devo
Para cada mês que passa
Ao Pai maior rendo graça
Até por já ser longevo
Pesada é minha cruz
Mas nunca me falta luz
Neste meu duro caminho
A vida por ser tão curta
Se da morte não se furta
É minha vez, já definho
Se dependesse de mim
Quando chegasse meu fim
Levava minha consorte
Penso que o lado de lá
É bem melhor que o de cá
Daí não temer a morte
3 comments
novembro de 2009 at 22:57
vitorio borella
Olá.
Um enorme prazer le-lo depois de tantos meses novamente.
Adorei sua precisão e sensibilidade.
E parabéns pelo meio século do filhão Élcio.
Um carinhoso abraço no Sr.
novembro de 2009 at 2:08
Lucia Tavares
Caro, Sr José Delcy.
Não bebo, não fumo, não como carne vermelha, não pesco (talvez porque tenha pena de peixinhos boquiabertos). Não sou muito aventureira. Mas também não sou santa e graças a todos os deuses do mundo!
Descobri logo cedo, meus medos dos abismos e das alturas de perder a visão e o equilíbrio… porém, o que me fascina são os que atravessam pontes e sobem cada vez mais, para enxergar o que existe do outro lado do lado de lá.
O que buscamos quando subimos tão alto? Uma cena inédita? Um outro ponto de vista? Uma conversa com Deus?
Cada um busca o que chama o horizonte. Tem gente que nem sabe o quê, mas sobe sem olhar para trás. Admito que morro de inveja…
Hoje escutei a música “Seu Olhar”, do compositor Paulinho Moska e se o senhor não a conhece, vale a pena desfrutar. A letra é simples feito a vida:
“Gosto quando olho pra você
Gosto mais quando seu olho vem
Na direção do meu
Gosto ainda mais quando esquecemos
Onde estamos e olhando em volta escolhemos
A mesma coisa pra olhar
Gosto quando olho com você o mundo
E gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Na direção do meu
A mesma coisa pra olhar”
Imagino a morte tal qual o lado de lá da montanha mais alta.
Com sorte alguns sobem a escalada acompanhados de um amor querido. Mirando a mesma direção…
Parabéns pela coragem de dizer o que sente.
Quem dera meu medo pudesse ir embora com as palavras ao vento e com os anos que virão…
Obrigada pela poesia. Abraços,
Lucia Tavares
novembro de 2009 at 8:34
Carlinhos Kalunga
Ah! “Seu” Delcy,
que pena eu não ter o dom e nem tampouco o poder da caneta dos Thenório pra poder comentar os seus poemas…mas saiba que me sinto um privilegiado por partilhar consigo êsse mesmo pedaço de planeta.
Abraços.
Carlinhos Kalunga.