De olho na vida José Delcy Thenório Mon, 08 Nov 2010 14:52:48 +0000 http://wordpress.org/?v=2.6.1 en AUGÚRIO /2010/04/augurio/ /2010/04/augurio/#comments Fri, 23 Apr 2010 17:50:04 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=626 Ele chegou no velório
Quis saber quem se velava
Um senhor que lá estava
Informou ser o Thenório

Parecia estar maluco
Em não saber quem eu era
A ficha caiu, pudera
Era parceiro no truco

Só de me ver de pés juntos
Sentiu certa dor no peito
Meu colega, bom sujeito
Hoje é um dos defuntos

Mas é assim que acontece
Há pouco, muito sorriso
De repente, sem aviso
Azula, desaparece

Como já saiu de cena
Então vaga pelo mundo
Mas folgado, vagabundo
Vai protelar sua pena

Pela crença que seguia
Tudo paga aqui na terra
Mas o ciclo não encerra
Deve voltar qualquer dia

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FINGIMENTO /2010/04/fingimento/ /2010/04/fingimento/#comments Fri, 23 Apr 2010 16:55:37 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=621 Por longos anos doente
Você não a visitou
Agora Deus a levou
E você se faz presente

Quem no velório aparece
Depois de tudo o que fez
Supõe bastar desta vez
Balbuciar uma prece

Campeã de fingimento
Já se sabia que era
Só que para ser sincera
Precisa de cem por cento

Se não cultiva o amor
Não sei qual é a razão
Mas ter novo coração
Só mesmo Nosso Senhor

Eu tenho cá para mim
Que se quita o quanto deve
Até quem tem pena leve
Paga tintim por tintim

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DEVANEIO /2010/01/devaneio/ /2010/01/devaneio/#comments Mon, 11 Jan 2010 16:48:33 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=617 Sonhei que estava na praia
Lagarteando na areia
O ter a vida sem peia
Favorecia a gandaia

Uma mulher aparece
Eu garanhão assumido
Jovem, com muita libido
O que se deduz acontece

Acordo, caio na minha
Pareço meio caduco
Sonhasse então ser eunuco
Muito mais sentido tinha

Mas chega de devaneio
Nem tudo o que quero posso
Eis porque a vida adoço
Se não encontro outro meio

Tudo no mundo tem fim
Então, paciente espero
Partir confesso que quero
É descanso para mim

Mas deixar carga pesada
Talvez por um ou mais anos
Não estava nos meus planos
E não posso fazer nada

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RESIGNAÇÃO /2009/11/resignacao/ /2009/11/resignacao/#comments Fri, 06 Nov 2009 11:20:31 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=612 Muitas vezes quase choro
Sofro, mas até imploro
Não tenham pena de mim
Porque na fé que professo
O sofrer me traz progresso
É tão bom pensar assim

Se tantos males eu fiz
Devo me julgar feliz
Em pagar o quanto devo
Para cada mês que passa
Ao Pai maior rendo  graça
Até por já ser longevo

Pesada é minha cruz
Mas nunca me falta luz
Neste meu duro caminho
A vida por ser tão curta
Se da morte não se furta
É minha vez, já definho

Se dependesse de mim
Quando chegasse meu fim
Levava minha consorte
Penso que o lado de lá
É bem melhor que o de cá
Daí não temer a morte

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PARENTESCO /2009/10/parentesco-2/ /2009/10/parentesco-2/#comments Wed, 28 Oct 2009 20:40:20 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=588 Cunhado não é parente
Disse Leonel Brizola
Esse dito me consola
Até me deixa contente

Se o parente verdadeiro
Partiu para a eternidade
Agora a cara-metade
Dispõe de todo o dinheiro

Isso vai mexer com ela
Empolgada com a grana
À cunhada uma banana
Mudou, não é mais aquela

Então a parente afim
Dona do próprio nariz
Tem hoje a vida que quis
Livre, vive bem assim.

Mas no futuro decerto
Ou no presente talvez
Daquilo que em vida fez
Prestará conta por certo

Nota: Leonel Brizola, político riograndense

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DESABAFO /2009/05/desabafo/ /2009/05/desabafo/#comments Wed, 20 May 2009 18:58:33 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=579 Quando se vende saude
Certo parente aparece
Mas na doença ele esquece
Fato que se vê amiude

Nem parece ser parente
Esse indivíduo carola
Para o vigário dá bola
Só tem a igreja na mente

Lá ele bate no peito
Pede perdão porque peca
Quem sofre que leve a breca
Agora o mal foi desfeito

Visitar um ser doente
É demonstração de amor
Esquecê-lo causa dor
Se foge sendo parente

Afastamento, desprezo
Mesmo de parente afim
Queira ou não magoa sim
Quem nos ombros leva o peso

Uns perdem a compostura
Ao ver tamanha maldade
Que de ofender tem vontade
Mas por bom senso segura

Há muitos males no mundo
Que podem levar à morte
Por muito que seja forte
Morre em questão de segundo

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PARCERIA /2009/05/parceria/ /2009/05/parceria/#comments Mon, 18 May 2009 14:42:35 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=569 Seria bom se pudesse
Fazer uma parceria
Mas à minha revelia
Meu pendor ora fenece

Temo assumir compromisso
Dada a fase que atravesso
Sinto mas vênia lhe peço
Logo quem nunca foi disso

Hoje preciso ser forte
Para levar minha cruz
Mas peço força a Jesus
Para cuidar da consorte

Esse peso que carrego
Parece ser uma prova
Porém Jesus me renova
Razão porque não me entrego

Vida é curta passagem
Logo mais tudo se finda
Tenho cartuchos ainda
Chama-se fé e coragem

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CREPÚSCULO /2009/05/crepusculo/ /2009/05/crepusculo/#comments Fri, 15 May 2009 14:19:53 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=556 Pelos problemas que tenho
Agora, no fim da vida
A inspiração foi perdida
Nem porto mais meu canhenho

Por não temer o futuro
E já ter noção do além
Procuro proceder bem
Longe porém de ser puro

Se não vivo como santo
Confesso, sou pecador
Mas Deus que é puro amor
Acolher-me-á, garanto

Enquanto Ele não me chama
Temo ficar neste mundo
Mormente se moribundo
Diuturnamente na cama

Morrer sei que é preciso
E não tardará decerto
Pode ser que esteja perto
Deus vai cobrar, estou certo

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PESCARIA DE REDE /2009/02/pescaria-de-rede/ /2009/02/pescaria-de-rede/#comments Sun, 08 Feb 2009 19:27:09 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=553 Houve um tempo em que com certa freqüência eu ia pescar lambari no Bairro Alvarenga, alguns quilômetros além de São Bernardo do Campo. Ali tirou-se muita areia para construção e nas cavidades deixadas formavam-se poças onde fisguei muitos peixes. Havia também um córrego que se ligava com a represa Billings, onde também pesquei bagres, trairas, etc..

Certa vez, a convite de um amigo que tinha carro (fato raro nos idos de 1950) fomos pescar em certo lugar da represa onde, segundo ele, faríamos uma grande pescaria de lambaris. Esse amigo convidou também um senhor que tinha um compromisso de retornar a tempo para almoçar na casa de certo parente.

Achei aquilo muito estranho mas nada falei a respeito. Chegamos no lugar indicado pelo amigo mas a pescaria foi infrutífera, quer com anzol quer com a pequena rede de minha propriedade.

Devido à frustração propus fôssemos no citado Bairro Alvarenga, meu local de pesca preferido, onde certamente teríamos melhor sorte. Chegados, decidimos fazer uma barragem no córrego e começamos a passar a pequena rede em direção à barragem com relativo sucesso.

Quando chegamos à barragem já passava de meio-dia. O dono do carro e seu amigo compromissado já se preparavam para deixar o local mas, nesse momento, entramos no lago criado pela barragem e ali os lambaris e outros peixes estavam concentrados de tal modo que os lambaris saltavam por sobre a redinha , tamanha a quantidade. Isso trouxe de volta os dois que estavam fora de saída.

Empolgados eles também perderam a noção do tempo e, assim, por mais de uma hora continuamos a empreitada de modo hilariante.

Eram quase 14,00 horas quando entramos no carro para retornar a Santo André. O compromissado foi o primeiro a ser deixado em seu domicílio.

Ao chegarmos já ouvimos os impropérios ditos pela esposa alucinada com o procedimento do marido… Ela só não o chamou de santo, tamanha a fúria.

Eu, constrangido e aborrecido, coloquei alguns peixinhos na minha marmita e procurei manter distância do local.

Sentindo a gravidade do momento, assumi uma posição de nunca mais levar para uma pescaria alguém compromissado. Ainda hoje, passados mais de 50 anos, mantenho meu propósito. Pescador que se presa não assume nenhum compromisso em dia de pescaria para não complicar a vida dos companheiros. A pesca é para refrescar a cabeça.

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PASSAGEM /2008/10/passagem/ /2008/10/passagem/#comments Thu, 30 Oct 2008 14:03:43 +0000 admin http://www.deolhonavida.com.br/?p=506 A bondosa criatura
Lutou muito na procura
De esculápio competente
Após muito sofrimento
Quase sempre sem alento
Teve cura, felizmente

Muito tempo de tortura
Gastou, ficou na pindura
Mas vê mudança na vida
Tem melhora a cada dia
Graça que sempre pedia
Ora por Deus atendida

Mas encarava com riso
De o viver não ser preciso
Como por vezes ouvia
Aqui só uma passagem
Depois a grande viagem
Somente assim ela cria

Quem tem esse pensamento
Sente deveras alento
Mesmo quando moribundo
Acha ser dever de Deus
Cuidadoso com os seus
Dar-lhe guarida além-mundo

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